sexta-feira, 29 de julho de 2011

História da avaliação

1- PROCESSO HISTÓRICO DA AVALIAÇÃO

Considerando-se a avaliação como um processo, veremos os acontecimentos dinâmicos, em evolução, sempre em continuas mudanças. Assim o atual sistema de avaliação é mais um marco neste longo processo histórico-educacional.
Através do tempo, são verificados as principais tendências e desenvolvimento do processo avaliativo em diferentes fases históricas tais como: Idade Antiga, Idade média, renascimento, tempos modernos e idade contemporânea.

1.1 Idade Antiga

Na história antiga, encontra-se diversas formas de avaliação. Em algumas tribos primitivas, adolescentes eram submetidos a provas relacionadas com seus usos e costumes. Só depois de serem aprovados nessas provas eram considerados adultos.
Alguns sociólogos afirmam que a estabilidade da civilização chinesa foi devida a cinco fatores, figurando entre eles o seu sistema de exames, cuja finalidade era a de selecionar candidatos ao serviço público. Ainda em 360 a.C. esse sistema exercia uma profunda influência na educação, na preservação da tradição e dos costumes e, sobre tudo, na política, oferecendo a todos os cidadãos possibilidades de acesso aos cargos de prestígio e poder.

No livro dos juízes, 12:5, 7 encontra-se a primeira noticias sobre os exames orais e também sobre os testes conforme a citação bíblica “E tomaram os gileaditas aos efraimitas os vaus do Jordão; e quando algum dos fugitivos de Efraim dizia: Deixai-me passar; então os homens de Gileade lhe perguntavam: És tu efraimitas? E dizendo ele: Não; então lhe diziam: Dize, pois, Chibolete; porém ele dizia: Sibolete, porque não o podia pronunciar bem. Então pegavam dele, e o degolavam nos vaus do Jordão. Caíram de Efraim naquele tempo quarenta e dois mil.
Jefté julgou a Israel seis anos; e morreu Jefté, o gileadita, e foi sepultado numa das cidades de Gileade.
Observa-se que nesta passagem, todas as vezes que os Efraimitas desejassem passar o Jordão, deveriam responder com a palavra Sibolete. Ao ouvirem, os Efraimitas pronunciar Chibolete, notavam a fraude.
Só aqueles que pertenciam às tribos amigas conseguiam pronunciar corretamente essa palavra.
Quarenta e dois mil Efraimitas perderam a vida por fracassarem nesse teste.
Entre os gregos, em Esparta, os jovens eram submetidos a duras provas, através de jogos e competições atléticas, durante os quais deveriam provar sua grande resistência à fadiga, à fome e à sede, ao calor e ao frio e à dor.
Entre os seus padrões morais, o roubar com astúcia e destreza merecia menção honrosa.
Em Atenas, encontra-se Sócrates, que submetia seus alunos a um exaustivo e preciso inquérito oral que ainda é utilizado, atualmente, por muitos educadores em suas atividades de classe, durante as argüições ou questionários orais. “O conhece te a ti mesmo” no qual empenhou toda a sua vida de sábio. Apontava a auto-avaliação como um pressuposto básico para o encontro com a verdade.
Seu método pedagógico também chamado maiêutica pôs em evidência o processo da conceituação, considerado básico sobre o ponto de vista científico.
Os romanos limitaram-se a vulgarizar o sistema grego de ensino, adaptando-o de acordo com espírito latino.

1.2 Idade Média

Porém, a Idade Média, caracteriza-se por uma intensa espiritualidade, durante os períodos apostólicos, patrístico e monástico, verifica-se um grande interesse pelo conhecimento de realidades mediatas, não perceptíveis pelos sentido, de ordem supra-sensíveis; ou por um conjunto de verdades a que os homens chegaram não com o auxilio de inteligência, mas mediante a aceitação da fé, dos dados da revelação divina.
Predominaram, portanto, o método racional (tradicional) e o argumento de autoridade: o primeiro aplicado a realidades e fatos não suscetíveis de comprovação experimental, e o segundo consistindo em admitir uma verdade ou doutrina, baseada apenas no valor intelectual ou moral daquele que a propõe ou professa.
Aceitava-se quase passivamente a opinião dos mestres ou autoridades no assunto. Repetir, portanto, integralmente o que se ouvia ou lia, era a prova mais convincente do saber.
A atenção e a memória eram os agrupamentos operatórios de pensamento mais valorizados nas escolas desta época.
Mais tarde, entre os educadores escolásticos, encontra-se Santo Tomás de Aquino (1225-1274) combatendo o método a priorístico e o respeito exagerado a autoridade dos antigos.
Deixou uma obra de pesquisa objetiva que causa admiração aos cientistas contemporâneos.
Mas as instituições escolares que maior influência tiveram neste período é que constituíram as organizações mais poderosas e fecundas de todos os tempos foram as universidades.
Nestas universidades, os estudos, destinava-se principalmente, a formação de professores.Os graus universitários compreendiam o bacharelado, a licença e o doutorado. Os que venciam o bacharelado, deveriam prestar exames a fim de conseguir exame para ensinar. O exame consistia na interpretação e explicação de trechos selecionados por grandes mestres.
Quanto ao doutorado, só aos mestres que liam publicamente o livro das sentenças de Pedro Lombardo, era conferido este título, e mais tarde, somente aqueles que defendiam teses.
Os doutores medievais ao refletirem sobre o irracional, preparam os caminhos da razão e abriram novas perspectivas para a avaliação.
Santo Tomás, no tratado dos anjos, nos oferece análise da operação intelectual, cuja sutileza e profundidade imprime uma orientação nova no pensamento cristão.
Mas o caráter básico desta direção continua ainda sendo o teocentrismo, centro de gravitação de toda a Idade Média.

1.3 Renascimento

Por outro lado, o Renascimento manifestava o movimento do humanismo em duas correntes, nitidamente diferenciado que se distinguiam entre a corrente do humanismo cristão e corrente do humanismo pagão.
Enquanto que, a corrente do humanismo cristão trazia valiosas contribuições para a avaliação através de uma orientação psicológica que visava atender as diferenças individuais dos alunos, a fim de que fossem preparados para a vida de acordo com as suas necessidades, interesses e aptidões. A corrente do humanismo pagão exaltava a individualidade humana, considerada como um fim em si mesma; a super valorização do eu individual sem quaisquer vínculos com valores transcendentais. Este humanismo viria mais tarde imprimir no pensamento moderno seu caráter predominantemente naturalista.
De qualquer forma a originalidade da renascença reside nesta posição nova que o homem assumiu daí por diante em face da natureza, não se interessando por chegar ao seu conhecimento através de operações puramente dialéticas, mas procurando interroga-lo em função dos seus fenômenos, desvendando-lhe os segredos, descobrindo-lhes as causas. Dessa maneira era fundada a ciência moderna.
Entre os educadores desta época, destaca-se Vitorino de Feltre, considerando o mais notável educador italiano.
“Quero ensinar os alunos a pensar e não a disparatar”.
Para verificar o aproveitamento do aluno, mandava-o ler, em voz alta. Conforme a expressão que dava à leitura, julgava-o habilitado ou não.
Exigia linguagem culta, pronuncia correta e tom de voz moderado.
Era inflexível no que diz respeito à moralidade e às boas maneiras.

1.4 Período Moderno

Durante a tomada de Constantinopla pelos turcos, os sábios bizantinos se refugiaram na Itália. E levaram consigo a obra mais importante dos escritores da antiguidade, despertando, desta maneira, um grande interesse pelo estudo das línguas antigas.
Foi nesta época que se formaram as nacionalidades e que surgiram as obras primas das línguas modernas. Mas, foi invenção da imprensa a que mais contribuiu para o desenvolvimento de todas as formas de atividade intelectual.
Multiplicaram-se os livros. E se tornaram acessíveis a todos. Fundaram-se escolas e criaram-se bibliotecas. Alguns aspectos da pedagogia desta época nos possibilitam tirar algumas inferências sobre a maneira como os educadores avaliavam o aproveitamento do aluno.
De acordo com René Descarte, as quatro regras próprias para encaminhar o espírito na busca da verdade:
“1- nada se admite como verdadeiro se não se conhece evidentemente como tal. É a regra da evidencia.
2- dividir cada uma das dificuldades em tantas parcelas quantas se puder e for exigido para sua melhor resolução. É o princípio da análise.
3- levar os pensamentos em ordem começando pelos objetos mais simples e mais fáceis de serem conhecido para subir, pouco a pouco, como por degraus, aos conhecimentos, mais complexos. É a regra assíntese.
4- Fazer em todas a parte enumerações tão completas e inspeções tão gerais que esteja certo de nada omitir. É a regra da verificação.”
Essas regras, ainda hoje, são de uso constante na prática da avaliação.
As escolas religiosas, tanto as protestantes, como as católicas insistiam nas argüições, nos exames orais.

Em 1702, em Cambridge, na Inglaterra, foi utilizado, pela primeira vez, o exame escrito.

1.5- Período Contemporâneo

Compreendida entre o fim do século XVII, XIX e XX.
Surge a necessidade de se construir um sistema educativo inteiramente novo no qual a educação da criança passa ao domínio exclusivo e absorvente do Estado. Há forte reação contra o ensino humanista tradicional, dando relevo predominante nos planos educativos às ciências naturais, às línguas modernas e aos trabalhos manuais.
Surge laicismo e uma forte influência das idéias materialistas e anticlericais do racionalismo, do Enciclopedismo e do Naturalismo.
Nos fins do século XVII houve uma forte reação contra o ensino vigente.
Nos séculos XIX e XX predominaram as seguintes correntes pedagógicas: o individualismo, o socialismo, o nacionalismo e pragmatismo.
Ainda hoje podemos encontrá-los, informando um grande número de teorias educacionais.
No inicio do século XX predominaram as tendências pedagógicas que colocaram em primeiro plano o problema técnico da educação.
Atualmente a tecnologia educacional se firma como uma maneira nova de pensar a educação e de fazer frente aos problemas educacionais.
Também um movimento em prol da reabilitação dos valores espirituais acentua, alem da necessidade de formação intelectual e cientifica, a formação ético-religiosa.

Equipe: Kelly Erzinger, Marcelo Stanislaski, Rosenilda Pauluk

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